Poema - É/E o que sou.

É/E o que sou?

Sua face
Partida em duas
Tem dois olhares diferentes

Seu coração
multicolorido
Tem mil sentimentos.
todos falsos

Seus ouvidos fingem que não escutam.
E seus braços,
um branco,
outro negro
Escrevem palavras de amor
em duas línguas.
As quais só se sabe uma, ou duas palavras.

Sua mente grita, e busca profundamente
se é que ainda resta algo único
lá dentro, no mais profundo túnel.
Nos confins da sua mente,
dorme algo.

Sim, ainda há esperança,
porém apenas para aqueles que a querem,
apenas para aqueles que a buscam

Porque o pior problema
De perder a si mesmo em mil faces
Daquelas que eu mesmo não sou
e porque estas, penso eu
Que sempre fui.
Ou pelo menos são estas, eu acho.
Que sempre quis ser.

E vidas, que quis viver
Perdem-se nesta que não fui.
E eu fujo aos meus braços,
e escapo entre os dedos.
E já nem sei mas que “eu” dentre estes
Sou eu mesmo.

Então, me resta a eterna dúvida
Entre: tudo isto é realidade?
ou tudo isto é ilusão?
Um meio termo?
Não!
Nem meio terno
Nem um terno inteiro.

Pois sou revoltado,
e não visto não uso, não faço,
não penso!
Coisas diferentes,
daquilo que sou (não).
Ou seria?
Daquilo que (não) sou

E o que sou?

Sou poeta,
sou músico.
Sou executivo, sou empresário.
Sou rico, sou pobre,
sou grande, sou baixo.
Fui isto ou aquilo,
e serei o mesmo diferente do de antes igual aquele que sempre fui.
Sou todos os “eus” ao mesmo tendo.
E ao mesmo tempo nenhum.
Então “closa-se” a dúvida,
E fecham-se “dê doors”

E em uma palavra está decidido,
aonde deveria eu ter ido.
De onde deveria nunca ter saído
De onde vim...
Foi de duas-uma só coisa.

Mas duas-uma só coisa
Não sou eu.

Não sou único,
Igual ou diferente,
nem discuto isso com gente.
E comigo mesmo até, eu parei.

Eu me decidi.
Por agarrar-me a esperança.

De ser eu mesmo.
Que eu nunca-sempre quis ser
Eternamente,

Eternamente
Naquele prasempre-que-acaba

As minhas palavras se perderam em folhas
De papel, ou de árvores.
Porque de árvores eu as vejo,
mas de papel elas são.

Ou dos dois ao mesmo tempo,
do ilusório, do passageiro
E do eterno, do não-ligeiro.
Do papel que se deteriora
com tanta facilidade
Ou da árvore que se eterniza
com tanta dificuldade

Acho que não,
Os dois ao mesmo tempo em uma só coisa não.
Cada um é um só e si mesmo
E cada um se basta e ao mesmo tempo
Se completam,
Juntos
São mais que dois.

As minhas ideias(sem acento)
Sumiram
E tudo se apagou,
e tudo sumiu,
e meu mundo se foi.
Se extinguiu.

E eu apareci,
de novo pela primeira vez.
Ou ao menos eu penso que eu vejo
eu mesmo.

Mas isso é mais uma das muitas coisas que só o tempo...
Oh! Só o tempo
Irá nos contar

E as batalhas do guerreiro que fui,
Aquele mesmo que ainda irei de ser

Serão entoadas pelos trovadores,
cantadas pelos poetas desafinados.
Que tentam dizer algo a alguém
Como tentei eu,
Como tentei eu.

Mesmo.