Nosso Castelo de Cartas

Nosso Castelo de Cartas

domingo, 27 de dezembro de 2015

Curtas histórias de John, o romântico incurável (Parte 1)

Os olhos.

Dava pra se perder nos olhos dela.
Eu olhava fixamente para eles e adentrava em seu olhar como se fosse outro mundo.
E na verdade era outro mundo mesmo.
Uma dimensão perdida onde o tempo passava de uma forma completamente diferente.
Às vezes eu olhava por segundos e passavam horas, às vezes eu olhava por horas e passavam segundos.
Dava pra me encontrar nos olhos dela.
Quando eu via o reflexo do meu rosto lá dentro eu era tão pequeno. Eu podia caber inteiro no seu mundo.
Eu me achava lá e parecia que naquele momento eu tinha todas as respostas pra tudo.
Ela era a resposta pra tudo.
Os olhos dela eram como o mar. Como ondas que te atraem para dentro. Você vai se aproximando aos pouquinhos e quando percebe, tarde demais, já está perdido.
Perdido no meio da imensidão do mar, assim como eu me perdia nos olhos dela. Olhos de maresia.
Me perguntavam o que eu via naqueles olhos, mas a verdade mesmo, era que nenhuma outra coisa eu via, só existiam aqueles olhos nos meus pensamentos.
Adentrei nos olhos dela e me perdi. Como todo romântico incurável, estava apaixonado e agora já era tarde demais, e foi tudo culpa daqueles olhos.
O problema de ser romântico incurável é que a gente gosta. Todo poeta que se perde em palavras de amor adora se perder.
Então é só se deixar cair.
Caí de costas num abismo.
Tudo por causa dos olhos dela.
E ainda caí sorrindo.


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Diálogos Curtos - Sobre a vida

No restaurante.

Garçom (chega com os refrigerantes na bandeja): com licença, você pediu fanta laranja ou sprite?

Ele (sorrindo): na verdade eu pedi uma coca.

(olha pra ela)

Viu! Dá pra resumir a vida inteira nesse diálogo. É assim que as coisas funcionam.

Ela: dramático.

(10 minutos depois)

Ele: nada de coca ainda, sabia que eu devia ter me contentando e ficado com aquele sprite mesmo.

(chega a coca)

Garçom: e você moça, vai querer beber algo?

Ela: sim, uma fanta laranja.

(10 minutos depois)

Garçom: foi você que pediu um sprite moça?

Ele e ela: (risos)

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Lançamento do meu livro! - Nosso Castelo de Cartas


Olá a todos!

É com muito prazer que os convido para o lançamento oficial do meu livro - Nosso Castelo de Cartas.

Será na Universidade Católica (Taguatinga) dia 17/09/15 às 21h (Auditório do Bloco M)

Acontecerá durante o encerramento do XIII Encontro de Letras da UCB, farei uma breve apresentação do projeto e em seguida estarei disponível para vendas e autógrafos.

Foram quatro anos de escritos e mais dois de extensivas revisões. Muitas histórias pra contar. Nosso Castelo de Cartas é uma antologia de contos, poemas, crônicas, pensamentos, histórias curtas, diálogos. Palavras.

Muitos amigos já leram as histórias do blog Nosso Castelo de Cartas, pra quem ainda não conhece deixarei o link aqui pra vocês:


E pra quem já acompanha o blog a algum tempo, saiba que o livro contém além de uma super reedição dos melhores textos do blog, textos inéditos.

E se você não tem como comparecer para comprar pessoalmente, não se preocupe! Também é possível adquirir o livro pela internet, deixarei o link aqui:


E se você quer saber mais, nesse link em cima você encontra a sinopse do livro e ainda é possível visualizar as 15 primeiras páginas na opção "leia um trecho". Achou pouco? Só clicar no blog que lá tem muito mais.

A ideia do lançamento e de vender os exemplares é somente para divulgar meu trabalho, não tenho nenhuma intenção de retorno financeiro com o projeto, estou vendendo a preço de custo (R$ 25,00)
Eu queria mesmo era poder dar um exemplar para todos vocês! (infelizmente, não tenho como) Acredito que literatura não seja negócio e nunca tive intenção de ganhar dinheiro com esse projeto.
Só quero que vocês sintam prazer em ler, minha pretensão de retorno: um sorriso, e todo o trabalho já valeu a pena.
Agradeço de coração a todos que puderem estar lá comigo nesse dia. É um sonho que se torna realidade.

Link do evento no facebook

Muito obrigado pelo apoio.
Grande abraço!


Oito.



domingo, 14 de junho de 2015

Jasmim, Marina, Michelle e Aurora

Conheci Jasmim
em setembro
Vestido florido, cabelo vermelho, olhos verdes
Perfume das mais belas rosas
Éramos como crianças
Tudo eram flores
Até o último dia de dezembro
as coisas esquentaram e ela fugiu

Marina chegou
em janeiro
Vestido amarelo, cabelo loiro, olhos azuis
Trazia consigo a brisa do mar, um ar dourado
O calor da paixão
Até o último dia de março
as coisas esfriaram e ela me escapou

Quando eu perdia as esperanças
surgiu Michelle
Calça vermelha, blusa preta, colar dourado, usava óculos
cabelos e olhos castanhos como as folhas que caíam
Toda a paz que eu precisava
Cantando suavemente para mim
Até o último dia de junho
minha felicidade virou árvore sem folhas
Passou uma ventania
e Michelle foi com ela
Foi pra frente e me deixou pra trás

Aurora chegou fria como julho
Calça jeans, casaco branco, cachecol azul, cabelos e olhos pretos
Ás vezes o amor surge como gelo na água
Nunca fui tão mal amado
Em agosto fui embora
Desisti de tudo
do amor
da vida
de você

Até setembro,
Conheci Líria
...

terça-feira, 19 de maio de 2015

Scorpion Sting

I was bitten by a scorpion
My thoughts are numb
I cannot think clearly
It took all my senses always
Nevertheless,
It felt so good

Bitten a little more every day
One, two, thirteen times
Until the final sting
Then I fell down
I fell down between the clouds
It dazzled my mind not at once
It amazed me as the days go by

Thus before I could realize
I was not even able to move at all
Trapped by the scorpion
My mind was fixed
I could not run
But it felt so good 

Dear scorpion
Come here
Bite me one more time
Do not ever leave my side

I want to be poisoned
Sting me again
Make my mind blank
Rob my senses away
Let me be your slave
So I can only feel

The scorpion sting I crave 

terça-feira, 31 de março de 2015

To my never spoken love

April second
I am writing this first
And only letter
To my never spoken love
To be delivered
Never

It was just a common day
Years ago
You entered the room
Ok
You talked to everyone
Ok
Then you smiled
Why do you have this so beautiful smile?

I went home
Pretending that nothing happened
Trying to fool myself
I cannot fall in love with you
It is strictly prohibited

But it is not my fault, you know
It is you
And that smile
It is you
And those brown eyes
That golden hair
It is you

The way you speak
The way you sing
Dance
Yours “I am mad" face
Everything you do

If I could have just one wish granted
I would have wished just a tea for two
Just a chance to show you
That I could have made you so happy
But we will never know
I am taking my never spoken love
With me, to my grave

You could have been my soulmate
But we will never know
Cannot I just utter?
You are my never spoken love

Forget about the world
My never spoken love
An have just a cup of tea with me

I do not want to take secrets to the grave
Write letters that will never be delivered
I give up this hiding game
May I die
At least I lived

Pardon me
For such foolish words
My never spoken love
Is you


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Larguei o vício

Joguei fora o que me fazia mal
Cigarro quicando no chão
Vazio da noite
E o som dele caindo
É um baque pesado
Coração batendo atordoado

Largar o vício é foda
Você quebra as garrafas
Mas toda sexta-feira tá lá
Você queima todos os cigarros
Mas toda esquina dá pra comprar
Você foge de tudo
Mas sempre tem algo pra lembrar

Eu larguei meu vício de escrever mal
Mas ele me persegue
Larguei você na última esquina
Mas isso não se esquece

A verdade é que você larga o vício
Mas ele não te larga
Todo dia é uma luta contra a visão da garrafa vazia
A carteira sem cigarros parece tão triste
Fica um buraco no peito
E a lembrança da felicidade temporária te mata

Largar o vício é o melhor
Todos dizem
Cigarro, vodka
Qualquer que seja
Resisto a todos
Sou imortal
Larguei o vício

Mas a saudade
A saudade mata
E não dá pra largar

Larguei o álcool
O cigarro
Tudo que me fazia mal
Mas a saudade mata
E não dá pra largar

Crise de abstinência
Passageira
Vou te escrever pra fora
Jogar num papel
Tirar da cabeça e do coração
Uma hora passa
Larguei o vício
Não volto mais atrás

sábado, 17 de janeiro de 2015

O final perfeito

Era pra ser mais um desses dias comuns, mas repentinamente, não era.
Casa, trabalho, casa.
Resolveu falar com ela, o papo era sério, afinal, se não fosse nem teria ligado, nunca se falavam pelo telefone.
Os mesmos problemas de sempre voltavam a incomodar. Nessas horas ressurgem entalados no peito aquele monte de coisas que você "perdoou", relevou, mas nunca esqueceu. "Precisamos conversar" E foi lá na casa dela.
As mesmas cobranças, as mesmas brigas. Sempre, de novo, outra vez. Já chega. Ninguém era mais feliz, era preciso colocar um ponto final nessa história toda. Mas ele não ia conseguir, era fraco demais. Aí ele fez seu melhor esforço, deu sua maior cartada, tudo que podia fazer. Era muito pouco, mas ele tentou.
"Eu vou embora", ele disse. "Vou passar pelo portão, sair, entrar no carro e ir embora... Se quiser me impedir é só me segurar, me abraçar. É só pedir que eu fico. Não me deixa ir embora não... É só dar um passo, me segurar e pedir que eu não vá embora"
Patético. Esmiuçadamente explicado o que ela precisava fazer para as coisas darem certo, e só explicar já parecia patético.
Isso é jeito de terminar um relacionamento? Quem vai terminar assim?
Que idiota. Foi fácil demais, dar um abraço e pedir pra ele ficar? Mas ela gostava tanto dele. É óbvio que iria fazer isso. A coisa mais simples do mundo. Quem não consegue olhar nos olhos da pessoa que você gosta e pedir pra ela ficar? Era fácil demais. Não iam terminar assim...
Ela ia pedir pra ele ficar...
Não ia?
Nunca iriam terminar assim...
Não é?
Era fácil demais, nem tinha graça. Não se consegue terminar um relacionamento desse jeito. Quem tem coragem de deixar partir tão facilmente alguém que disse amar?
Era só um passo pra frente, um abraço e pedir pra ele ficar. Qualquer um pode fazer isso, nem precisa gostar muito, sério. Ia dar tudo certo.
Ele deu um passo pra trás. Estava indo embora... É agora...
Dois passos pra trás, enquanto olhava para ela.
Estava parada ainda.
Os dois chorando, ele virou as costas.
Esperou mais uns segundos, e nada.
Deu um passo pra frente, para longe dela.
Ainda nem tinha chegado no carro, ainda dava tempo.
Mais dois passos, tinha chegado no carro.
Colocou a mão na porta.
Olhou para ela.
Parada.
Os dois choravam como crianças.
Ela parada.
Ele indo embora.
Abriu a porta.
Era agora.
Não.
Ela continuou parada.
Entrou no carro.
Bateu a porta.
Olhou pra ela uns segundos lá de dentro.
Ela continuou parada.
Sem fazer nada.
Ele virou a cara.
Deu ré.
Parou o carro uma última vez e olhou pra ela.
Era agora.
Não.
Ela não fez nada.
Ele foi embora.
Acho que no fundo, no fundo ele já sabia que ia ser assim. Ela só ficou parada e não fez nada mesmo. A vida não é um conto de fadas. Foi embora, a ficha caiu. Não iam voltar mais. Foi embora e repentinamente... Eram livres. Terminou aquilo que os fazia tão mal. Deu tudo certo. Final mais feliz, impossível.