Nosso Castelo de Cartas

Nosso Castelo de Cartas

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Nas esquinas de lugar nenhum

Estava eu passando hoje
Pelas esquinas de lugar nenhum
E encontrei um poeta
Perguntei a ele qual era
O tal sentido dessa vida
Ele ateou-se a responder,
Com a tal da poesia

Num verso ele escreveu
A vida meu caro é poesia
É paixão, alegria.
Felicidade
É viver cada dia

E no outro descreveu
A vida meu caro é poesia
É enfadonha infelicidade
É tristeza
Insanidade

Revoltado fiquei eu
Afinal que diabos de resposta
Foi essa que ele me deu.

Ele me disse eu sou poeta
Não profeta
Só sei o que é a vida
Aos olhos da poesia

A minha vida rapaz é viver
Cada segundo
É esquecer
Cada infortúnio
É não parar pra pensar
Pra analisar
Pra raciocinar
A minha vida é arriscar a vida
Pela vontade de viver

E a sua vida garoto?
O que é a sua vida?

Eu não sei dizer
A minha vida é andar por aqui,
Com esse monte de gente
Pelas esquinas de lugar nenhum
A gente vem de lugar nenhum
Vai pra lugar nenhum
E volta pra lugar nenhum
Aí a gente fica nessa mesmice todo dia
Essa coisa meio chata onde nada muda
A gente fica vivendo sem saber o que é viver.

Garoto, tenho que lhe dizer
Eu posso até não saber exatamente o que a vida é
Mas exatamente sei que não é ficar andando
Nas esquinas de lugar nenhum

A vida é mais
Que essa sua vida
A vida é mais
Que tudo igual todo dia
A vida é mais luta, é mais aventura
A vida é muito mais
Que ficar andando
Nas esquinas de lugar nenhum

Então poeta,
Como saio eu daqui?
Como faço eu, para deixar de viver?

Esse é o problema meu garoto
Pra deixar essa vida é preciso morrer
Você está disposto a isso?
A dar sua vida em nome da vida?
Pois poucos são estes que estão preparados

Estou.

Então já é meio caminho garoto
Pois sé a vontade há um jeito.
Segure minha mão,
E vamos morrer.
Pois essa vida de ficar aqui
Andando nas esquinas de lugar nenhum
Não é viver.