Nosso Castelo de Cartas

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sexta-feira, 19 de junho de 2009

(O Caminho) Capítulo 1 - Ensinamentos

Capítulo 1- Ensinamentos


Havia um velho sábio, e, também havia um lugar distante...
O lugar distante era uma ilha pequena, só se via água no horizonte. A praia no litoral e uma densa floresta no centro. Havia um garoto, que pensava que não deveria estar ali. Mas ele estava enganado, fazia parte do seu destino.
Era um jovem, devia ter seus dezessete anos, cabelos negros e longos, alto, magro, vestia farrapos. Sentado na praia, olhava para o mar.
Vinha alguém caminhando a suas costas.
Também vestido em roupas velhas, carregava seu cajado de madeira, e sua enorme barba e cabelos brancos chamavam atenção.
Era o velho sábio.
- Observando o mar como sempre Daima?
- Sim velho, é o que parece não é?
Mas para Daima ainda era só velho.
- Por quê? Indagou o senhor.
- Por que eu acho que não há mais nada para se fazer.
- Não existe eu acho Daima, existe sim ou não.
- Não me interessa.
- Já imaginou se o sol “achasse” que deveria aparecer agora?
- Eu não sou o sol.
- Não, mas poderia ser...
Daima sairá para pescar com seu pai, como fazia quase todos os dias, sua mãe e irmã mais nova, esperavam em casa para fazer o jantar. Mas houve uma tempestade forte ele caiu no mar e se perdeu de seu pai, alguns dias depois ele acordou naquela ilha. Ele sabia que não podia estar tão longe de casa, mas o que ele não sabia era como fazer um barco. Ele não podia ir nadando, e também até agora ninguém veio lhe buscar, já faziam uns cinco dias ele achava, só havia aquele velho maluco na ilha. Ele já havia ouvido falar nisso, muito tempo longe de tudo e as pessoas acabavam enlouquecendo, e pelo visto, ele não seria exceção. Precisava dar um jeito de dar o fora dali, e o mais rápido possível, ele pensava.
- Pra quê? O sábio perguntou.
- Pra quê o quê velho?
- Pra que você quer ir embora?
- Como você sabe o quê eu estava pensando?
- Você estava com o olhar perdido no mar, ficou uns dois minutos em silêncio olhando para o nada, você já está aqui a uns cinco dias, não consegue ir embora. Não precisa ser muito inteligente para descobrir o que você pensa você é previsível como a maioria das pessoas.
- Eu não sei por que eu ainda escuto você.
- Porque todo homem busca a verdade, mesmo que ele não perceba. É uma pena que ela esteja ali, na sua frente nunca saiu dali, mas ele não consegue ver. Sabe Daima, eu queria muito descobrir porque as pessoas não se perguntam o porquê do que elas fazem. Entendeu?
- Deveria?
- As pessoas não pensam nas conseqüências das suas ações, talvez se você se perguntasse o porquê de todas as suas ações, você não estivesse aqui... Ou talvez não.
- Como assim velho?
- Você acha que poderia escolher em estar aqui ou não?
- Ora, era só não ter ido pescar naquele dia.
- Mas você iria outro dia
- Então não pescaria nunca mais.
- Você sabe que jamais faria isso.
- Sim, é verdade. Mas sabe velho, eu acho que nada é impossível.
- Tem razão. Viu, você busca a verdade, por mais que não perceba.
- Buscar é fácil, difícil é achar.
- Mas você que me falou que nada é impossível.
- Eu falei difícil, não impossível.
- Se há vontade, a um caminho.
- Mas nem todo caminho é fácil.
- Sim, é por isso que cada um tem um destino de acordo com quem é. As pessoas dizem que fazem seu próprio destino, mas isso não é verdade.
- Como não, eu falo com você agora por que eu quero falar, na há ninguém que me mande fazer isso.
- Tem razão, agora me diga uma coisa, você quer morrer?
- Claro que não!
- Que bom, então não faça.
- Hum?
- Não morra.
- Mas isso é impossível.
O velho riu.
- Viu, é por isso que eu não entendo as pessoas, você acabou de me dizer que nada é impossível.
- Quase nada.
- Não existe quase.
- Não da pra conversar com você velho.
- O quê você está fazendo agora então?
- É modo de dizer.
- Não existe modo de dizer, ou diga ou não diga. A dúvida,é uma grande inimiga do guerreiro. Se você não a vencer, jamais derrotará seu maior inimigo.
- Você não me conhece velho quem é meu maior inimigo?
- Eu sei; você é quem não sabe.
- Apenas diga velho.
- Melhor o guerreiro que derrota a si mesmo, do que aquele que derrota mil outros em batalha. Ficou claro?
- Não da pra derrotar a si mesmo.
- Então é impossível Daima?
O velho riu.
Daima calou-se. Voltou a ver o mar.
- Você não presta atenção em nada do que eu digo.
Daima permanecia em silêncio.
- Você acha que pode controlar a si mesmo Daima?
- Estou fazendo agora velho.
Num movimento rápido, o ancião arrancou um fio de cabelo de Daima.
- Ai!
- Você queria perder este fio de cabelo?
- Não!
- Mas você perdeu certo?
- Claro! Você arrancou!
- Você não consegue controlar nem um fio de cabelo! Como pode afirmar que controla o próprio corpo?
- Eu controlo! Se ninguém se meter!
- Você disse exatamente o quê eu esperava escutar. Uma desculpa é isso que as pessoas fazem, elas criam desculpas para dizer a si mesmas que mandam no seu destino. Mas sabem que isso não é verdade. Aliás, pessoas criam desculpas para todas as coisas.
- Escute garoto, um dia alguém contará sua história, e ela vai começar como todas as histórias. Havia um lugar distante, um velho sábio. È um aprendiz jovem, impaciente, curioso e burro.
- Vá se danar velho!
- Viu, impaciente.
- Agora, preste atenção garoto, o tempo é curto e você ainda tem muito o quê aprender, agora preciso lhe contar uma história para que você possa entender como é possível mudar seu destino. Deixe-me contar...

3 comentários:

  1. Nossa ainda tenho que terminar de ler esse livro, a UnB não dá tempo livre pra ninguém!!!
    Eu gostei muito desse capitulo!!!

    >.< Kissuss >.<

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  2. ^^

    Aguardem, mais cenas de O Caminho virão...

    Abraços

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