Nosso Castelo de Cartas

Nosso Castelo de Cartas

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Aquela descida.

Porra. Ele adorava aquela descida.
Na verdade ele adorava a cidade inteira.
Na verdade tinha um monte de cidades que ele adorava.
Mas aquela descia era especial, porque mesmo que ele gostasse de várias outras cidades, mesmo que ele passasse por várias outras descidas. Nenhuma descida era que nem aquela.
E não era pelo simples prazer de descer, que apesar de ser suficiente por si só, vinha acompanhado de um punhado de lembranças que deixavam aquela descida ainda mais muito doida. Que deixavam aquela cidade ainda mais muito doida.
Era só um segundo. Mas por um único segundo você estava no ar, você não tocava em nada, não era pular, não era cair. Era voar. Mesmo que fosse só por um segundo era voar. E apesar de nunca ter voado ele tinha a certeza que voar era daquele jeito.
E não estou falando de voar de avião, tô falando de voar de verdade.
Tô falando de se jogar no chão e errar o alvo.
Tô falando pra você que aquela descida era muito doida.
Mas você não vai entender.
Você só iria entender se estivesse lá. Se estivesse naquela descida, se estivesse naquele carro, com aquelas pessoas.
Aí você ia entender que eu estou falando da descida mais muito doida do universo.
E olha que o universo é grande.
Era uma descida muito doida fim da história. Eu não vou ficar aqui tentando descrever o que não dá pra descrever.
Você pode me descrever a vida? Você pode me descrever a morte? Não meu caro, você não pode. Porque tem coisas que você só vai entender, depois de vivê-las.
E aquela descida era uma delas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário