Nosso Castelo de Cartas

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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Uma carta a 10 de julho de 2008 - 2ª Parte

Engraçado que a vida não parece se enganar se tomarmos como pressupostos alguns fatos, fatídicos ou não. Engraçado é como o dia aparentava não se importar como o que eu pensava sobre isso também. Isso supôs , logo ao levantar. Aquele momento de luta contra o eu interior que te fala alto e com autoridade:-Você estará sempre com o cansaço que quero que esteja e tudo pode esperar mais um dez minutos. Minutos estes suficientes para que eu não voltasse a ouvir o despertador (que por algum detalhe sórdido do destino era a minha televisão). Dormi. Acordei com as palavras e suor no meu corpo. Elas diziam Marina.
Levantei ainda sobre forte luta. E mesmo dormindo demais parecia que tinha ficado ainda mais cansado que a primeira vez. Tinha levado uma surra. Às vezes a vida me bate forte demais. Levante me dizendo que aquele seria mais um dia cansativo e coisas do tipo. Não fui à escola.
Tempos fáceis esses de criança. Assim pensam todos. Para mim era viver num drama. A escola parecia um velho internato de aberrações que por mais que fossem assustadoras para mim, eu como meus super poderes que julgava ter, ainda conseguia assustá-los ainda mais.
Ninguém gostava de mim. Assim pensava. Eu não gostava de ninguém. Isto estava prestes a mudar.
Decidi marcar algo, qualquer coisa que me livrasse daquele momento e daquele lugar. Que me levasse pra longe. Que me deixasse disperso por um tempo. E desperto. Dormir eu não conseguiria mais. E tem horas que até os jogos conseguiam me cansar de uma maneira que me assustava às vezes. Sei lá. A vida não tinha mais graça.
Liguei para o Alberto. Disse o de sempre. Tédio? Perguntei. Tédio. Respondeu. Ele também era bem previsível assim como eu fui. Talvez seja. Você consegue me responder isso Amanda? Lembro daquela frase de uma autora que dizia que perdeu sua face em um espelho. Devia ser um espelho desses bem velhos que ela nem lembra onde deixou para ir procurar.
Talvez me sinta assim. Perdi meu coração naquele dia. E isso foi só o começo de uma terrível história de perdição. Nós começamos a perder e parece um esporte tão divertido. Esquecemos de parar. Esquecemos muitas coisas no caminho, Amanda.
Saímos.
Cansados de tudo e todos. Fomos em lugares encontrar tudo e todos.
Cinema? Sim, parece uma boa. O que acha? Ah! Meu amigo... Não acho nada... Conversei com um rapaz novo da turma ontem. E aí? Ele parecia mais velho. Pensou que ia te entender? Pensei. E...? E ele parece gostar de tudo que a maioria pré-adolescente gosta... Ele me dá nojo agora. Não tente... Nunca mais... Talvez alguém de seus 45 anos? Alberto... Um dia você vai entender que nascemos mortos.
Não eram frases de crianças de 15 anos.
Aumente o drama Dj. Alguém dizia isso?
Chegamos. Lugar comentado. Todos fugiam da escola para lá. Todos apareciam depois. E nós fomos, mesmo não querendo encontrar ninguém (oh! Quão errado eu estava... Eu queria encontrar a Marina... Mesmo sem nem conhecê-la). Algumas pessoas falavam conosco. Outras não. Outras esbarravam. Não começamos nenhuma briga. Você lembra desse meu jeito de não entrar em certas coisas que sei que vou perder não é mesmo?
Continuamos. A fila crescia. Tédio. Tédio. Tédio.
Ou o quê?
Foi num pulo. Foi num momento. Foi em um lançar de olhar.
Eu a vi passar por mim.
Seu nome? Marina, belo como as ondas do mar e os versos que cantaram por Mariana. E como todas as outras muitas, uma ou duas garotas que conheci na vida. Eu jurei que ela seria minha. Frase obsessiva, possessiva, e sejamos sinceros, infantil.
Mas era uma promessa.
Não sabia seu nome até essa hora.
Quem é ela? Quem é ela, Alberto? Ela quem? A menina do vestido amarelo! Ok. Qual delas? Aquela... Com a flor no cabelo...a mais linda de todas... Ela? Não seja idiota. Ela nunca vai te olhar. Seu nome é Marina. Ela nunca olha para ninguém. É um desafio para qualquer um.
Aquela palavra.
Eu queria ver seus lábios se movendo naquele momento dizendo:-Desafio. Que palavra aterradoramente linda.
Eu disse a Alberto.
Adoro Desafios.
E parti em sua direção.
Neste momento eu perdi meu coração...

(Ás de Espadas)

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