Nosso Castelo de Cartas

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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Capítulo 2 - Antes de 19 de Julho de 2178.


                Foi o início de tudo.
            Não o início do fim do mundo, se é o que você estava esperando. Por mais provável que parecesse ser. Na verdade desde o início do segundo milênio a história conta que o homem profetizava seu próprio fim de diversas maneiras. Mas o mundo, por incrível que pareça, não acabou em 2178. Afinal o ser humano  o que tem de egoísta, tem de inteligente, ele se esforçou e continua se esforçando pra viver aqui. Mas havia um problema: gente, muita gente. Sete Bilhões de pessoas é muito. A terra é grande mas não é Júpiter.
            Então, foi o fim do mundo... Não. Foi o início das extremamente rigorosas leis de controle de natalidade. Os primeiros países superpopulosos  já tinham leis básicas de controle, que foram ficando mais rígidas com o tempo, e os países menos populosos foram tornando-se mais lotados com o tempo e seguindo a mesma linha de pensamento.
            Na verdade, foi um rumo até bem óbvio, era a melhor solução para evitar o consumo absurdo dos recursos naturais do planeta. Os países subdesenvolvidos foram de desenvolvendo com o tempo, e seguiram a mesma cultura, ter cada vez menos filhos, e com grandes campanhas de marketing unidas as leis de controle de natalidade foi fácil, ter filho estava fora de moda. Afinal, ninguém queria mais gente por perto, mais concorrentes pra dividir seus recursos. E assim o ser humano foi ficando ainda mais egoísta do que nunca.
              Mas isso ainda eram os tempos de paz.
            Agora veja só, se diminuirmos o número de pessoas na terra, o truque então é cuidar melhor das que já estão aqui. Nesses últimos anos a tecnologia permitiu a medicina avanços incríveis, incluindo próteses robóticas extremamente reais. Perder um braço, uma perna ou até mesmo um olho era coisa do passado. Nascer com uma deficiência? Facilmente consertável. No início as próteses buscavam um realismo cada vez mais próximo dos membros originais dos seres humanos.
          Mas aí surgiu a Seystin Company com aquele velho, mas ao mesmo tempo sempre eficaz truque de marketing "O novo é sempre melhor" e aí as pessoas começaram a perceber que as próteses na verdade podiam ser melhores que os originais. Trocar duas pernas de verdade por duas robóticas extremamente mais resistentes, que se adaptavam perfeitamente a você e nunca se cansavam parecia mesmo um ótimo negócio.
          É claro, no início as próteses apenas substituíam os membros humanos. Mas com o tempo foram ficando cada vez melhores. Um dos primeiros olhos robóticos era frágil como o do ser humano, e não fazia nada mais que um olho normal fazia. Hoje, eles são capazes de filmar qualquer visão e armazená-la em discos de memórias minúsculos de capacidade gigantesca. É amigo... É a sua vida em "THP" The Perfect Quality, foi o nome dado pelas primeiras empresas a trabalharem com esse novo tipo de vídeo. Sem mencionar que você pode compartilhar ao vivo suas visões na internet. Parece surreal. Mas hoje em dia nem é mais, a humanidade está acostumada com as rápidas e incríveis atualizações das próteses robóticas sempre.
            Pois é, as coisas nem iam mal na verdade. Até que surgiu um louco. Tem sempre um louco. Liw, o revolucionário é como eles o chamam. Nós o chamamos de Liw, o insano. Aposto que você já sabe o que vai acontecer, obviamente, algum maluco resolveu trocar as próprias pernas e braços por próteses mecânicas.
         Obviamente, nenhum médico admitiu realizar tal procedimento. Mas ninguém conseguiu segurar o louco por muito tempo. Um dia, ele simplesmente simulou um acidente e cortou as próprias pernas, ok, a simulação foi desnecessária até, apesar de só ter admitido anos depois todo mundo sabia que não tinha sido um acidente, afinal, era o que o cara queria mesmo. E conseguiu, duas das melhores pernas robóticas da época que o dinheiro podia pagar, e não demorou muito pra ele resolver cortar os próprios braços também, dessa vez, nem se deu ao trabalho de simular nada, jogou na cara de todos que aquilo era o mais esperto a se fazer. 
           E o pior é que... Deu tudo certo. O cara estava lá, muitíssimo bem com os seus novos membros muito superiores aos antigos. E fazia questão de espalhar isso pra o mundo inteiro, o cara se denominava a própria evolução da raça humana, o Homo Androids, foi o que ele disse.
           E o pior é que o nome pegou.
        Mais rápido do que se pode imaginar os andróides, meio humanos, meio máquinas, viraram moda. E os governos o que fizeram? Nada é claro, os andróides eram extremamente lucrativos. E mais uma vez, vitória do capitalismo. Houveram diversos planos pra limitar o desenvolvimento das próteses robóticas, imagine um cara mais rápido e mais forte que qualquer policial roubando um banco? Ia dar merda com certeza, mas o pior é que isso nunca aconteceu. Nem todo mundo podia pagar pelos procedimentos da transformação em Andróide, as peças mais caras então, eram um absurdo. E quem podia pagar por elas jamais assaltaria um banco.
          Bom isso é verdade. E mais uma vez a mídia fez o seu trabalho e todos concordaram que os andróides não são perigosos, são seres humanos como qualquer outro.
            Puta que pariu.
            Esse era exatamente o problema.
            Ou você está aí pensando que o mundo ficou a beira da destruição.  Por causa de que?
         Robôs, ou as famosas Inteligências Artificiais que contam nos filmes por aí, criaram vida própria e atacaram a humanidade.
            Errado.
            Alienígenas vieram proclamar nosso planeta.
            Errado.
            Acho mais fácil a gente sair por aí tentando proclamar o planeta dos outros do que o contrário.
            Catástrofes naturais? Bug do milênio? Profecias apocalípticas?
            Mas é claro que não.
        Quando se trata de capacidade destruição nada disso que eu citei acima chega aos pés do famoso ser o humano. Em matéria de destruição o ser humano é craque. Os livros de história contam que desde o século XIX o homem tinha bombas capazes de destruir a terra dezenas de vezes, então imagine hoje.
      É meus amigos, se algum dia alguém estiver por aí lendo essa gravação em uma terra completamente destruída não tenham dúvida.
            Quem destruiu o mundo foi o ser humano mesmo.

Um comentário:

  1. E está melhorando! uahahuahuhauhauhauha

    Curti mais uma vez!

    mas essa parte da história eu já sabia :P

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