Amanhece, o sol desponta.
Ou pelo menos ele surge entre as paredes de seu condomínio, porque na verdade são dez horas da manhã e o sol já nasceu há muito tempo.
Mas não importa, ele acabou de acordar.
A bicicleta estava sem freio, mas de forma alguma era desculpa pra não andar nela. Ele subiu, e seguiu seu caminho, o dia hoje seria longo. Fazia um sol lindo, então, ele resolveu sair sem a capa de chuva.
- “Toc!” Ele escuta um barulho. Havia um ponto inchado, o pneu provavelmente não duraria muito mais. Os aros entortados, o quadro soldado... Mas não importava. Ele ia chegar ao final daquela viagem, como sempre chegava todos os dias.
Passa uma hora, passam duas. O vento bate em seu rosto, e quase que por mágica já chega o crepúsculo. Ele sente os últimos raios em suas costas, nada como mais um dia.
A lua surge, porém ainda é distante o momento do retorno. O dia é longo, à noite também, e agora chove, chove muito, nada como o céu de Brasília. Ele pega sua bicicleta, e lembra que não trouxe sua capa.
É frio, mas chuva é inesquecível.
O caminho é longo, cansativo, mas ele vai até o fim, como todos os dias.
- “Trek!” A corrente caiu, as marchas já estavam ruins mesmo. Ele bateu, seus joelhos foram ao chão, suas mãos na grama, um pneu jogado longe. O quadro da bicicleta se parte, junto com o fio do mp3.
Já não é mais possível escutar uma bela canção.
Ele levanta, seus joelhos sangram sua cabeça gira um pouco, involuntariamente. Depois, em alguns segundos ele analisa a situação.
Não dá mais pra andar de bicicleta. Não dá mais pra escutar uma bela canção. Existe mato em todos os lugares, ele nem sabe onde está.
É agora que até o mais singelo e calmo dos homens, perde o sorriso do rosto. E só um tolo iria querer continuar. É, eu sempre fui um tolo...
Nas costas um pedaço da bicicleta, na mão esquerda a outra roda.
Ele saltou, e errou o chão. Foi rápido.
O mp3 quebrou, é triste não ter o que escutar. Então, ele decide cantar uma bela canção:
- “Só, enquanto eu respirar... Vou me lembrar de você, só enquanto eu respirar...”
Não, não era da bicicleta que ele estava falando.
Fantástico *.*
ResponderExcluirSaudades desse garoto tolo.
Mas daqui a um mês
quando você voltar
a lua vai tá cheia
e no mesmo lugar.