Nosso Castelo de Cartas

Nosso Castelo de Cartas

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Não, não era da bicicleta que ele estava falando.

Amanhece, o sol desponta.

Ou pelo menos ele surge entre as paredes de seu condomínio, porque na verdade são dez horas da manhã e o sol já nasceu há muito tempo.

Mas não importa, ele acabou de acordar.

A bicicleta estava sem freio, mas de forma alguma era desculpa pra não andar nela. Ele subiu, e seguiu seu caminho, o dia hoje seria longo. Fazia um sol lindo, então, ele resolveu sair sem a capa de chuva.

- “Toc!” Ele escuta um barulho. Havia um ponto inchado, o pneu provavelmente não duraria muito mais. Os aros entortados, o quadro soldado... Mas não importava. Ele ia chegar ao final daquela viagem, como sempre chegava todos os dias.

Passa uma hora, passam duas. O vento bate em seu rosto, e quase que por mágica já chega o crepúsculo. Ele sente os últimos raios em suas costas, nada como mais um dia.

A lua surge, porém ainda é distante o momento do retorno. O dia é longo, à noite também, e agora chove, chove muito, nada como o céu de Brasília. Ele pega sua bicicleta, e lembra que não trouxe sua capa.

É frio, mas chuva é inesquecível.

O caminho é longo, cansativo, mas ele vai até o fim, como todos os dias.

- “Trek!” A corrente caiu, as marchas já estavam ruins mesmo. Ele bateu, seus joelhos foram ao chão, suas mãos na grama, um pneu jogado longe. O quadro da bicicleta se parte, junto com o fio do mp3.

Já não é mais possível escutar uma bela canção.

Ele levanta, seus joelhos sangram sua cabeça gira um pouco, involuntariamente. Depois, em alguns segundos ele analisa a situação.

Não dá mais pra andar de bicicleta. Não dá mais pra escutar uma bela canção. Existe mato em todos os lugares, ele nem sabe onde está.

É agora que até o mais singelo e calmo dos homens, perde o sorriso do rosto. E só um tolo iria querer continuar. É, eu sempre fui um tolo...

Nas costas um pedaço da bicicleta, na mão esquerda a outra roda.

Ele saltou, e errou o chão. Foi rápido.

O mp3 quebrou, é triste não ter o que escutar. Então, ele decide cantar uma bela canção:

- “Só, enquanto eu respirar... Vou me lembrar de você, só enquanto eu respirar...”

Não, não era da bicicleta que ele estava falando.

Um comentário:

  1. Fantástico *.*

    Saudades desse garoto tolo.


    Mas daqui a um mês
    quando você voltar
    a lua vai tá cheia
    e no mesmo lugar.

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