Nosso Castelo de Cartas

Nosso Castelo de Cartas

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sobre 17 anos e 65 dias.

Começa assim: atraso.

Atrasado, apressado, invocado. Puto!

Hoje o meu dia foi uma série de fracassos, coisas dando errado e principalmente, atrasos.

Eu fiquei puto porque as coisas deram errado, e porque elas deram errado eu me atrasei e depois fiquei puto por ter me atrasado.

Na hora que eu cheguei no metro (atrasado) Eu tava puto num nível que nem vou comentar, mas beleza.

Eu sentei, tirei meu DS e tentei esquecer do mundo um pouco.

Pouco tempo depois entrou um cara no metro, falando alto, se desculpando por estar falando alto no metrô porque era chato ficar ouvindo alguém falando altro no metrô, e ele ia ser breve.

E eu pensei: "Lá vem discurso da igreja, era tudo que eu precisava ¬¬"

Mas pra minha grande surpresa não era discurso de igreja.

Era um cara que escreveu um livro de contos, nao conseguiu uma editora que publicasse seu livro, e ele mesmo imprimiu umas cópias e tava alí com a cara e a coragem vendendo.

Eu, como escritor, achei o máximo.

Fechei até meu DS pra escutar, apesar de que o bastante breve discurso que ele fez, não influenciou na minha vontade de comprar o livro ou não. Eu pensei em comprar pra ajudar também. Mas o quê me fez comprar mesmo, foi a minha vontade e curiosidade de ler o livro.

Beleza, comprei o livro. Aquele livro definitivamente salvou meu dia. Comecei a ler no metrô ainda e estou adorando.

Agora, o quê me levou a refletir e escrever esse texto foi:

E se eu não tivesse me atrasado? E se as coisas não tivessem dado errado hoje? Se eu não tivesse ficado puto de raiva com as coisas dando errado e com os atrasos...

Bom, se as coisas tivessem dado certo eu teria pegue o metro mais cedo. E não teria encontrado o cara com o livro, e não teria comprado e lido o livro.

E eu ia perder um livrão...

O nome do livro é 17 anos e 65 dias. O autor: Marcelo Barbosa.

Eu vou postar uns trechos dos meus textos favoritos, adaptados.

Espero que gostem. Eu gostei.

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Big One: fenômeno que pode acontecer a qualquer momento na cidade de São Francisco, devido a movimento das placas tectônicas e destruir completamente a cidade.

Perguntou a aluna ao professor: Então porque as pessoas de la não se mudam?

Já pensou se você morasse numa cidade que pode ser destruída a qualquer momento? Provavelmente viveria aproveitando cada dia como se fosse o último.

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A verdadeira batalha começa quando você acha que não dá mais.

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Existem pessoas que são como estrelas, e outras que são como cometas.

Cometas são lindos, assistir a queda de um cometa é um momento memorável, talvez porque eles passam e pronto.

Mas quando olhamos pro céu, quem está ali noite após noite são as estrelas.

Então porque não valorizamos as "pessoas estrelas" como valorizamos as próprias estrelas.

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Sobre preconceito. "As pessoas que gosto e as que eu não gosto, ambas têm o direito de viver no mesmo mundo que eu."

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Mas não há como exigir o respeito de verdade. Esse precisa ser espontâneo ao merecermos.

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O cara diz que te ama, enão tá. Ele te ama. Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.

Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo.

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A diferença entre ter a faca e o queijo na mãe e cortar o queijo é minima. Mas é essa diferença que acaba sendo determinante.

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A escrita só se completa com a leitura (Ivan Jaf)

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Essa foi uma das últimas frases que eu falei com ele, dizendo que eu queria publicar um livro também e tal e ele disse:


Só é difícil quando a gente acha que é difícil antes de tentar.

Um comentário:

  1. "Só é difícil quando a gente acha que é difícil antes de tentar"
    Eu sei. Sou a mãe desse cara do metrô, o Marcelo Barbosa.

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