Com
treze anos você podia chegar pra alguém e dizer eu te amo, quer namorar comigo?
Do nada.
Do nada.
Aí
você cresce e dizer eu te amo vira proibido.
Já
pensou virar pra alguém na rua e dizer eu te amo?
Mas como assim! Você nem conhece?
Mas como assim! Você nem conhece?
Conheço
sim, de outra vida.
Quando éramos gatos.
Quando éramos gatos.
Você
só esqueceu, mas eu me lembro.
Você
tem que se aproximar das pessoas com cuidado, se fala demais com elas, tá
enchendo o saco. Se puxa conversa, tá dando mole. Se você tenta falar com
alguém que não conhece, tá “cantando”.
Não
dá mais pra chegar no meio da rua, e falar pra alguém “Hey, quer ser meu amigo?”
Caraca que estranho. Adultos não fazem isso. Você é retardado?
Vamos
andar por aí? Tá louco! Quer me levar pra onde? É bandido.
Crescer
é muito chato.
Te
prometem liberdade, mas cadê a minha?
Quando
eu era criança eu podia chamar qualquer um na rua pra ser meu amigo. Podia
mandar uma cartinha pra uma menina que eu não sabia nem o nome e dizer “eu te
amo”.
E
hoje nada pode.
Até
falar com alguém do nada é estranho.
Bom
mesmo é amor de 13 anos. Se apaixonar perdidamente, quebrar a cara certamente.
Aí
você fica velho e já nem se apaixona mais. A vida se torna uma grande sucessão
de decepções, tudo é previsível, prevenido, precavido, precário, no pretérito,
uma porra.
Bom
mesmo é amor de 13 anos.
Quando você não pensa em mais nada. Só em estar apaixonado.
Aí você fica velho e a vida te cobra, são compromissos, afazeres, dinheiro, responsabilidades, obrigações, dinheiro, estudar, trabalhar, dinheiro, sobreviver, dinheiro.
Quando você não pensa em mais nada. Só em estar apaixonado.
Aí você fica velho e a vida te cobra, são compromissos, afazeres, dinheiro, responsabilidades, obrigações, dinheiro, estudar, trabalhar, dinheiro, sobreviver, dinheiro.
E
você se esquece até de se apaixonar.
Por alguém, por algo, por qualquer coisa, por viver.
Por alguém, por algo, por qualquer coisa, por viver.
Ai
você vira esse pedaço de máquina. Sem saber pra onde ir, sem saber onde estar,
seguindo o fluxo, mas um na multidão.
Bom
mesmo era meu amor de treze anos.
Eu escrevia cartas pra ela e dava flores. Eu dizia que a amava e nada mais importava.
Eu escrevia cartas pra ela e dava flores. Eu dizia que a amava e nada mais importava.
Meu
amor de treze anos, treze anos atrás. Disse que me amava.
Aí
a gente cresceu, a vida chegou e o amor passou.
Só vinte e seis anos, mas me sinto tão velho.
Só vinte e seis anos, mas me sinto tão velho.
A
vida te quebra em cacos, você pode até juntar,
mas remendado não é inteiro.
mas remendado não é inteiro.
Amor
de 13 anos nunca mais, fiquei velho.
Amor
de 13 anos só aquele, de 13 anos atrás.
Eu
podia voltar a falar com as pessoas no meio da rua.
Escrever
cartas de amor, fazer novos amigos.
Vou
ali ter treze anos
Jogar
videogame, me lambuzar de sorvete.
Escrever
cartas de amor.
E
ser feliz.
Há um pedaço de mim que nunca deixou de ter esses 13 anos, eu só escondi. Acho que todo mundo poderia (e deveria) voltar a ser feliz de verdade sempre que quiser, e dizer eu te amo e comer sem se importar de se sujar. Ter 13 anos de novo não é impossível, só precisa de muita coragem.
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