Nosso Castelo de Cartas

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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Paulo amava todas.

Mais uma noite numa cama diferente. Bom dia, tomaram café juntos. Lembrava não somente do nome dela, mas de detalhes específicos de tudo. Uma noite de conversa e Paulo já sabia tanto sobre ela. Adoro quando você faz isso, amo o jeito como faz aquilo. E Paulo era sincero, ele amava mesmo e não tinha medo de falar.

A sociedade baniu da banalidade essas três palavras “eu amo você”, mas Paulo era contra e dizia mesmo eu te amo. Aliás, dizia várias vezes. Disse pra Ana, pra Gabi, Bruna, Cintia, Débora na semana passada e hoje à noite pra Eliza.

Eliza sorria de orelha a orelha, parecia que tinha encontrado o amor de uma vida inteira. Mas Paulo sabia que na verdade, ela só tinha encontrado o amor dessa semana.

Paulo amava todas.

Parece mentira eu sei. A sociedade e suas teorias monogâmicas cristãs ortodoxas discordam rigorosamente de Paulo e o taxam de louco. Mas a loucura deles é a normalidade de Paulo, e vice-versa.

Gostava de assisti-las dormir. Conversas por toda a madrugada deitado na cama, contava e ouvia segredos. Sempre sincero, era tudo tão perfeito... Mas a pior das sinceridades era quando descobriam a brevidade do momento. E o que queriam pra vida toda, Paulo apenas por uma noite.

Eu a amei por uma noite. Por uma noite somente. Mas nada muda o fato que amei.
E o que todos achavam absurdo, Paulo achava poético.

Mas, e quando se pegava perdido em pensamentos. Olhando as estrelas e pensando em alguém. Qual delas estava na cabeça de Paulo?

Nenhuma delas.
Era Milena.
Paulo nunca dormiu com ela.
Ele não a via faz anos.
Se conheceram em algum lugar anos atrás, Paulo tinha 15 anos.
Se beijaram e partiram, seguiram seu rumo.

A vida foi passando. Paulo amou tantas mulheres.
Mas quando ele olhava as estrelas e pensava em alguém.
Era Milena.
Paulo amava todas.
Um dia buscou a voz da experiência e perguntou ao seu avô.

Diga-me, quantas mulheres você amou na vida?
Ah, Paulo eu conheci muitas mulheres. Beijei várias, dormi com algumas, gostei de muitas.
Mas amar, amar mesmo, só se ama uma vez na vida.
Mas Paulo.
Paulo amava todas.




4 comentários:

  1. Amor é uma palavra de tanto peso, tão metaforicamente livre... Seus usos e abusos tão comuns nem sempre são o que a maioria chamaria correto

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  2. Achei interessante a lista de mulheres a quem Paulo já disse 'eu te amo': Ana, Gabi, Bruna, Cintia, Débora, Eliza. Achei Gabi uma intrusa (sorriso).

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  3. O amor é uma coisa totalmente livre e isso é muito legal. É muito bom amar a todos. Melhor que isso só amar a Milena da sua vida mesmo. Isso faz a gente mudar a palavra amar pra outro patamar.

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  4. Nunca sei o q responder nos comentários rs, mas adoro saber que vcs passam por aqui pra ler e ainda deixam a opinião de vcs =)

    É bom ver que eu conheço pessoas com uma definição mais ampla de amor, do que a muitas vezes restrita visão comum. É exatamente como vcs disseram, amor é uma coisa tão livre...

    E ô Cadu! Que história é essa? (sorriso)

    Abraços,
    Oito.

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