John era viciado em romances de
verão. Só conseguia amar por uma noite; talvez duas, no máximo, mas não mais
que isso. Tinha uma queda por intensidade. Se fosse para enrolar duas ou três
noites, perdia a paciência. John queria tudo para agora, se entregar de corpo e
alma. Mas só por uma noite. Ou duas.
Ele dizia que foi uma reação natural
do seu coração: toda vez que se decepcionava com o amor, amava por menos tempo.
Ele dizia: “Eu não consigo amar menos, porque eu sou intenso demais. Mas eu não
consigo mais continuar amando por tanto tempo”.
Teve uma namorada de cinco anos, uma
de dois anos, uma de seis meses, uma de um mês. E agora já nem tentava mais.
Namorar não era pra John. Mas seu lema era: "Que seja eterno enquanto
dure. Que seja apenas uma noite, mas eu ainda amarei".
Até que houve aquele dia.
- Hey!
- Quanto tempo, John!
Encontrou uns amigos nos bares da
cidade. Há um ano não se viam. Grande saudade. John achou ótimo revê-los.
Conversa vai, conversa vem... Muitos sorrisos e alguns drinques.
Noite divertida.
Todos se despediram. Restavam apenas
John e ela. Foram andando até a casa dele. Ela já ia chamar um táxi de lá. Mas,
por que não uma última ice da
geladeira, não é mesmo? Subiram. Conversaram pouco. O resto você já sabe. A
verdade é que foi total surpresa para os dois.
Ninguém esperava.
Coisas loucas da vida que fazemos
madrugada adentro.
John ficou com ela até de manhã. O
relógio tocou e ele precisava ir embora.
Às vezes, a gente quer parar o tempo
só um pouquinho, mas a vida não é assim.
John foi para o aeroporto e voltou
para casa. Fim do mais belo romance de verão.
A verdade é que ele foi salvo pelo
gongo, porque dessa vez ele queria encontrá-la mais de uma noite, ou duas.
Mas a vida é assim, nem sempre como
a gente quer.
John a amou por uma noite. Apostou
que ela nem notou.
Mas amou.
Até a noite acabar e ele pegar o
avião rumo ao próximo romance de verão.
Até tudo passar.
Ou não.
Às vezes, simplesmente não passa.
Shoow de Bola
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