Nosso Castelo de Cartas

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quarta-feira, 31 de julho de 2013

21 Anos, 10 Meses e 29 dias. Uma vida de letras, em números.


Fotos mudam
Rostos transformam-se
Memórias são esquecidas.

Hábitos passados
Sonhos futuros
Mas só o presente
Tem a eternidade de uma curta vida,
Bilhões de vezes.

1 ano, sem memórias ou opiniões
Vivia apenas dentro dos outros
E não ainda por mim mesmo.
2, 3, 4 e 5 o mesmo.
Mas dos 6 eu já lembro
Das festas de aniversário
Dos melhores amigos
Das paixões de infância,
O orador do ABC.

7 e 8 geniozinho
Ensinava até matemática
Um professor mudou minha vida
E ele nem deve saber
Um disquete ele me deu
E mal sabia eu
O que ainda iria ver
Escritor desde sempre
De um Futuro eu já falava
Que hoje, é passado, distante, de anos atrás.

9 e 10 fui crescendo
Dois irmãos eu ganhei
Um mais novo e um mais velho
Difícil de explicar
Difícil de entender
Um desafio a conviver
Menino que eu era, chorava com eles
Muitas vezes até, por causa deles.
Mas hoje em dia eu sei
Que sem eles nem, eu, sequer
Eu conseguiria ser

11 e 12 mudei de casa, pela segunda vez
Mas de cidade, pela primeira vez
E descobri que o mundo é grande
Que mudar é complicado
Tantas pessoas existem, como estrelas no céu
Boas, más, tristes, alegres, altas, baixas,
Novas, velhas, justas, injustas, confiáveis ou não,
Imutáveis e até mesmo algumas metamorfoses ambulantes.
E todas elas se moldaram em mim
Eu construí um castelo que sou eu
Mas que de mim, só tem o alicerce
Pois os outros me trouxeram as torres,
As salas, os lagos, as praças, e de tudo que sou
Devo um grão a cada um
Cada pessoa que um dia já me dirigiu uma palavra

Aos 13 e 14
Revoltado sem causa
Adolescente inconformado
Aquele garoto que iria mudar o mundo
Mudar o mundo...
Só não sabia como
Mas sabia que ia
Ingênua criança
O maior dos sonhadores
Direito...

Aos 15 e 16 mudei de novo
Já quase acostumado
Cidade nova, gente nova
Todos diferentes e eu estrangeiro, estranho
Os texto que li me tornaram velho
Eu me perguntava o porquê de tudo,
Mas somos uma raça tão pequena
Quase ninguém me compreendia
E eu não compreendia ninguém

Garoto... Direito...
Faça direito.
Me disseram a vida inteira.
E eu como todo bom adolescente
Recusei.
Letras, eu falei
Um escritor eu serei.
Aos 21 além de formado, até japonês eu vou falar.

Aos 17 e 18 universitário!
E logo, trabalhador.
O quê? Professor!
Sim! E se tivesse que apostar.
Eu com certeza ia falar
Que foi por causa
De um disquete.

Mas ao descobrir o que era ser adulto
Eu descobri o quanto era chato
E o quanto eu não sabia
Quão boa era a vida
De ir pra escola cedo, e jogar videogame o dia inteiro

Aos 19 e 20 Dúvidas
Mais dúvidas
Ser adulto é foda
Ter de fazer suas próprias escolhas
Tomar suas próprias decisões é complicado
E eu errei.
Errei mesmo e tenho dito.
Pois nunca tive medo de dizer que estava errado.
Meus planos, atrasados.
E comecei tudo outra vez.

Aos 21 e 22
Finalmente um sonho novo
Um objetivo pra viver
Vou me embora pra Pasárgada
Lá a existência é uma aventura.

E mudei de novo, outra vez
Já até me acostumei ao movimento
Na verdade eu prefiro a transição
Mudo eu, muda você, todos mudamos
E por mais imutável que seja, a essência de cada um
Todo o resto muda
Muda, muda essa postura
De achar que nada muda.

Assim como o mesmo homem não passa duas vezes pelo mesmo rio
Afinal mudam os homens, e mudam os rios
Eu espero que você tenham mudado
Porque eu mudei ao ser lido
E garanto que amanhã
Não serei mais esse garoto
De 21 Anos, 10 Meses e 29 dias.
Por que amanhã já é outro dia
Amanhã serão outras pessoas,
Outros lugares
E novas histórias
Pra contar.

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