Nosso Castelo de Cartas

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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Reescrevendo (Mai/2011) - O último dia de maio

Era de manhã. Ele saiu atrás de flores.
Caminhando pela rua parava pra cheirar cada uma delas.
Buscava o cheiro dela em tudo, mas não conseguia encontrar.
Depois de acordado, o cheiro dela tinha saído da roupa dele e agora só restava a lembrança.
Ele queria escrever algo pra ela, tipo... tipo...
Ele não sabia o que escrever.
Era como se qualquer palavra que saísse de sua boca, que fosse escrita pelas suas mãos fossem tentativas falhas, porque nada que ele pudesse dizer conseguiria descrever a beleza dela.
Não importa o que fosse dito, a sensação de tê-la em seus braços não era algo que ele conseguisse descrever. Talvez daqui a alguns anos quando fosse um escritor de verdade seria possível.
Mas hoje não. Hoje não havia o que dizer.
E já que o cheiro dela tinha partido de suas roupas, ele ia ter de se contentar com a imagem dela em suas memórias.
Mentira. Havia o que dizer sim.
Entretanto, certas vezes, nem o mais talentoso dos poetas consegue traduzir o que se passa no coração.
Aí não me resta nada a não ser tentar, no último dia de maio, por em papel meus sentimentos por você.
Mas não dá. 
Eles não cabem nessa folha. 
Transbordam na tinta papel abaixo. 
Me atravessam inteiro como teu cheiro.
Descomede-se meus sentimentos por você.
Sentir é incomensurável.


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