O menino que não acreditou (Parte 1)
Eu tenho dificuldades em começar as coisas. Gosto de pensar num mundo em
que os planos mais mirabolantes e perfeitos podem dar certo. Tentar é sempre
perigoso demais. Gosto de imaginar e sonhar. O Cebolinha, das histórias em
quadrinhos que eu ouvia quando menino, tinha sempre uma boa ideia. E eu não. Eu
sempre parecia separado. Tudo meu era separado. Separado. Deslocado. Escrevia
meus registros de caderno nas folhas erradas. Perdia os bilhetes que vinham da
escola. Não anotava recados. Eu nem percebia, mas sabia voar. E como eu voava.
Na hora das explicações da professora, dragões saltavam pelas janelas e
eu era o único defensor que podia expulsá-los. E tinha que ser somente com o
olhar. E tinha que ser sem ninguém perceber. Era segredo, era secreto e eu era
Bond! James... Bo... Até a hora que a professora, aquela mais perfeita espiã
russa, percebia e reclamava gritando comigo. O que você pensa que está fazendo?
Esse garoto tem algum problema... Isso não é possível. E eu assistia aos
dragões devorando toda a classe enquanto eu saía da sala.
O diretor era bem legal. Ele tinha um bigode engraçado e sempre sujo.
Tinha sempre alguma mancha ou pedaço de algo nele. Eu me entretinha enquanto
ele falava, cuspia e se sujava mais ainda. Era tão engraçado ver as pequenas
gotas de saliva em sua barba que eu nem me chateava. Nunca levei um só bilhete
dele até em casa. Ficavam pelo mundo, por aí. Eu sorria por dentro e fazia cara
de desespero por fora. Deixava o diretor bigode gritar bem alto e pedia
desculpas. Não por deixar toda minha turma morrer devorada e queimada por
dragões, mas por ter a mente solta demais e deixar que qualquer brisa a levasse
pra longe.
Brisa... Ela me levava pra longe... Mas não quero falar dela ainda. Isso
é assunto pra depois.
A hora que o telefone tocava eu iniciava uma corrida contra mim mesmo.
Se eu contasse três toques e não atendesse, algo terrível iria acontecer. Eu só
não sabia o que era, mas sabia que era terrível. Eu derrubava as coisas no
caminho e caía quase sempre, mas sempre dois toques. Nunca três. Às vezes dois
e meio. Pelas minhas contas. Eu não gostava da voz de algumas pessoas. Os
homens que perguntavam da minha mãe e as mulheres que procuravam pelo meu pai
eram sempre mal atendidos e mesmo que eles estivessem ao meu lado, dizia que
eles tinham saído. Eu vi na TV o que acontecia e não queria aquilo. Tomei uns
três ou dez tapas por isso. Talvez mais.
Na hora de anotar o recado ou número ou o nome ou o recado mesmo, eu desenhava
na folha e dizia hãram... Hãramm... Hummm... E o desenho ia sempre ficando mais
legal conforme as pessoas continuavam falando e não desligavam. Eu desenhei um
dragão uma vez e ele dizia à professora que era tudo culpa dela. Não deu tempo
de desenhar mais nada.
Uma vez eu sonhei que sabia nadar. Eu nadava entre os peixes e tubarões
e ia muito rápido. Acordei surpreso por descobrir que nós podíamos aprender as
coisas sonhando. Passei o resto do mês aprendendo a voar. Eu deitava e ficava
forçando o pensamento, imaginando a cena e tentava sonhar, mas o sonho não
vinha. Outra vez, meio que sem querer, sonhei que voava, mas começava a cair
depois de um tempo. Acordei e não levantei. Cobri o rosto com o lençol e
continuei tentando sonhar que voava. Consegui! Finalmente! Aprendi a voar!
Não podia esperar! Assim que levantei, corri até a janela. Ia voar até a
escola e todos veriam do que sou capaz. O diretor bigode ficaria muito
surpreso. A professora ia pedir desculpas por me chamar de problema. A Brisa...
Ah! A Brisa...
O menino que não acreditou (Parte 2)
Morava no 3o andar de um grande prédio, enorme lá fora, mas aqui dentro
o apartamento era pequenininho. Bem embaixo da janela tinha uma caixa de
ar-condicionado feita de cimento que ficava pro lado de fora do meu quarto. Parecia
um perfeito apoio, passei pela janela e subi lá. Olhei pra cima, estiquei os
braços pro lado, que nem aquela estátua gigante lá do Rio que esqueci o nome
agora. Fechei os olhos, senti a brisa no rosto. Parecia um ótimo dia para voar.
- MENINO! DESCE DAÍ AGORA!
Patrícia gritou.
Tomei um susto, virei de costas pra ver.
Mas já era tarde demais.
Nessa hora eu já estava no ar.
Erguido nos braços de Patrícia, que me tiraram do conforto de cima do
ar-condicionado e da brisa lá fora. Me trazendo de volta pra realidade do meu
quarto sem graça.
Eu expliquei pra ela que sabia voar, tinha aprendido. E ela me explicou
uma história de que "sonho era diferente de realidade" e "voar
era impossível" que eu achei completamente ridícula. Eu não acreditei em
nada disso, era algo triste demais para ser acreditado. Até que ela me falou
que mamãe ia me dar umas boas chineladas se eu tentasse voar de novo. Bom,
aquilo sim era uma verdade incontestável. Com as chineladas de mamãe não se
brinca, achei melhor deixar pra trás essa história de voar. No meu sonho era
tão fácil, era só se jogar e errar o chão, mais nada. Mas, como já disse.
Chineladas. Melhor não.
Hora de ir pra aula, toma banho, almoça, põe uniforme, amarra o tênis.
Patrícia vai comigo, mas é pertinho, acho que já sou grande o suficiente pra ir
sozinho, mas mamãe não deixa, melhor não. Ela se preocupa muito comigo, pena
que está sempre tão ocupada.
Chego na escola, a primeira visão é sempre o exército maligno das forças
do mal, ou, vulgos meninos grandes que te xingam e te batem sem motivo. Eu
nunca vou entender o porquê, de verdade. Fico me perguntando se quando a gente
fica adulto a gente descobre porque tem gente que gosta de xingar, bater, ou
tratar os outros mal. Na real, acho que nunca vou entender isso mesmo.
Acho que eles ficam lá na frente pra fazer tipo um reconhecimento de
terreno, analisando os mais fracos, ou quem eles vão mexer hoje. Olharam muito
pra mim, altas chances de que hoje o escolhido seja eu, o negócio mesmo é rezar
pra que não, é o melhor que posso fazer. Mamãe disse pra eu falar pra
professora ou pra ela, não adiantou, papai disse pra eu fazer umas aulas de
karatê, também não adiantou. A melhor estratégia quem descobriu fui eu mesmo,
ficar na minha, fingir que nem existo, ser tão não importante que nem eles vão
dar bola pra mim.
Se discutirem, eles tão certos e eu tô errado, se me xingarem, finjo que
nem escuto. Pra que tentar lutar de volta? Ser forte pra se defender? Criar um
escudo, tentar encarar aquilo da melhor forma possível? O negócio é fingir que
não se importa, no começo, pode até parecer difícil, muito difícil, você meio
finge que não se importa, mas acaba se importando no final. Mas com o tempo,
vai ficando cada vez mais fácil, e fingir que não se importa vai se tornando
não se importar de verdade.
Com os xingamentos eu já aprendi totalmente a lidar “Feio! Gordo! Burro!
Cara de melão amassado! Jumento! Baleia azul! Idiota!”. Mamãe me disse uma vez
que o que diziam de mim não se tornava realidade, podiam me falar mil vezes que
eu era burro, mas eu não era burro, tirei até nota alta uma vez, ela falou. E o
que as pessoas diziam de mim não muda quem eu sou. Eles podiam falar o que
quiser que não ia mudar a realidade. Sabe o pior? Ela tinha razão, a verdade
mesmo é que mamãe tinha razão uma porrada de vezes. Aí, graças aos moleques que me batiam, e é
claro, mamãe, eu aprendi uma lição que me serviu o resto da vida inteira. O que
as outras pessoas pensam, ou falam de vim, é irrelevante, não ligo. Vi um
velhinho falar uma vez num desenho assim “nada me atinge, virei rio, não
importa quantas pedras joguem, a água não muda, se aparecem troncos, desvio por
volta. Se o vento bate forte, a árvore gigante cai, mas o galho pequeno se
entorta e volta como se nada tivesse acontecido”. Nada pode me atingir, sou
invencível.
PAFT!
Menos um empurrão com toda força, isso aí não só pode como me atingiu sim, e atingiu legal. Bati de costas e com a cabeça na parede atrás de mim, meu lanche caiu no chão. Tocou o sinal pra hora do recreio e eu estava morrendo de fome. Mas esqueci que ainda precisava enfrentar o exército invencível do mal se eu quisesse comer hoje. Os olhos já enchiam de lágrimas. Mamãe falou que homens podiam chorar também, que não tinha problema. Mas acho que eu chorava demais.
Menos um empurrão com toda força, isso aí não só pode como me atingiu sim, e atingiu legal. Bati de costas e com a cabeça na parede atrás de mim, meu lanche caiu no chão. Tocou o sinal pra hora do recreio e eu estava morrendo de fome. Mas esqueci que ainda precisava enfrentar o exército invencível do mal se eu quisesse comer hoje. Os olhos já enchiam de lágrimas. Mamãe falou que homens podiam chorar também, que não tinha problema. Mas acho que eu chorava demais.
Um tio meu falou uma vez que a
escola era a melhor época da sua vida, e eu imediatamente pensei na hora,
“então ou tem algo de errado com a minha infância, ou com a sua adultez”.
Imaginei, “não é possível, não tem como piorar”.
A gente sempre pensa que não tem
como piorar, por exemplo, agora, tomei um empurrãozão, bati a cabeça, meu
lanche caiu no chão. Não tem como piorar, certo?
O menino que não acreditou (Parte 3)
Se existe algo que eu aprendi, e que
quero que você saiba, isso com certeza é: TUDO SEMPRE PODE PIORAR. Acredite em
mim. Na maioria das vezes piora. E muito. Eu já estava com a cabeça doendo, com
fome e pensando que nunca me livraria do exército do mal. Os terríveis meninos
maiores e destruidores dos sonhos infantis. Eu nem ia me importar com tudo o
que aconteceu, mas inevitavelmente uma grande quase-roda se formou ao meu
redor. Eu fiquei assustado demais pra pensar. Assustado demais pra correr. No
meio da galera que veio assistir a “briga”, ela estava com um olhar assustado.
Parecia preocupada.
Lá no canto estava a Brisa. No canto
do meu olhar e em uma parte um pouco distante da roda. Eu queria dizer “oi”.
Queria dizer “não fique assim”. Mas estava encrencado demais pra se preocupar
com outra pessoa que não fosse eu mesmo e minha “briga”. Primeiro: por briga se
entende algo que se disputa. Uma luta com dois lados. Aqui isso não era nada de
“justiça”. Eu seria surrado sem nem a menor chance de revidar. Sempre assim. O
pior seria isso tudo acontecer na frente da Brisa. Eu não queria que ela visse.
Não queria. Dessa vez eu iria lutar. Lutar e vencer. Hoje seria diferente.
Fechei meus punhos. A adrenalina
corria no meu sangue. Principalmente depois da pancada que levei na cabeça.
Comecei naquele instante a acreditar em mim. Eu podia. Podia e iria. Brisa iria
se orgulhar de mim. Eu já me imaginava chegando depois da briga com um pequeno
arranhão no supercílio. Ela viria toda preocupada e carinhosa, ficaria com
lágrimas nos olhos, mas eu diria que aquilo não era nada. Iria sorrir e tocar
seu rosto. Dizer que tudo o que eu fazia era por ela. Impossível que ela não se
apaixone de volta. Impossível. O filme passou. Era hora da verdade.
Fechei os punhos. Definitivamente,
fechei os punhos. Um dos meninos maiores estava à frente de outros três
integrantes do terrível exército do mal. Ele viu meu punho fechado e riu. Será
possível que o pivete quer brigar. Ele perguntava. Era minha deixa. Olhei para
Brisa. Sorri para acalmá-la e me inspirar. Corri em direção ao maior deles com
toda a força que tinha concentrada no punho direito. Se você vai entrar numa
briga, comece-a. Eu já sabia que iria ser difícil, mas dessa vez eu iria
vencer. Acertei o soco em cheio bem na cara do primeiro deles.
Senti meu punho entrando aos poucos no rosto dele. Era poder. Aquela
sensação era o poder. Meu coração elétrico. Palpitava de emoção. Ele balançou
com o murro e eu percebi minha chance. Fechei o outro punho. Preparei o segundo
soco. Dessa vez iria derrubá-lo. Eu sorria e já imaginava o medo infantil no
coração das trevas do enorme garoto. Usei toda a força que tinha e avancei mais
um passo, levantava o super-mega-ultra soco definitivo quando senti algo na minha
orelha. Estranhei a princípio, mas em poucos segundos entendi. Era uma mão. Uma
mão grande e pesada que quase deslocou minha cabeça da órbita que eu estava
acostumado. Senti só algo quente escorrendo pelo meu pescoço. Quando olhei pra
frente não vi mais muita coisa. Algumas mãos e pés me acertavam, mas eu só
sentia tudo quente. Nada de dor. Tentei enxergar a Brisa, mas tudo estava muito
escuro. Muito escuro.
Eu já disse: tudo sempre pode piorar. E piorava...
O menino que não acreditou (Parte 4 - Final)
E dessa vez as coisas ficaram bem ruins mesmo.
Eu acordei e não sentia mais nenhuma dor, foi engraçado. A escola estava
um super alvoroço, uma multidão de gente pra lá e pra cá, os adultos com cara
de preocupados e as crianças com cara de tô entendendo nada. As pessoas
passavam correndo do meu lado, praticamente esbarrando em mim e ninguém me
notava. Hey! Eu gritava! Mas ninguém me ouvia, o que estava acontecendo?
Encontrei Brisa sentada na escada chorando, me sentei do lado, cutuquei,
disse oi, mas ela não me ouvia, abracei ela, e de repente ela virou a cara na
minha direção assustada, e olhou diretamente pra mim, mas não me viu. O que
estava acontecendo? Eu estava invisível? Isso tudo parece um pesadelo.
É isso! Estou sonhando! Levantei correndo, subi as escadas do prédio até
o último andar, atravessei aquela grade com cadeado como se ela não existisse e
estava no topo da escola. Uau, eu sempre quis estar no topo da escola, fui até
a beiradinha do prédio e pus um pé pra fora. Só tinha um jeito de saber se eu
estava sonhando. Lembra?
Nos sonhos eu podia voar.
Lembrei de Patrícia dizendo que não dava pra voar na realidade. Bom,
sorte que eu estava sonhando porquê... Três, dois, um e....
Pulei.
Vush...
Errei o chão, e comecei a voar.
Uau, voar era a melhor sensação do mundo. Eu sentia o vento na minha
cara, voava cada vez mais rápido, cada vez mais alto, cada vez mais longe, em
pouco tempo já não dava mais pra ver a escola lá embaixo, aquele monte de sirenes
e confusões ficou distante. Eu estava voando pra cada vez mais longe de todos
os problemas e tudo estava perfeito, eu nunca me senti tão leve, tão feliz.
Não dava pra ver mais nada, só o azul do céu e as nuvens. Tudo estava
perfeito.
Wow!
De repente tinha esse outro menino voando do meu lado. E sabe o que ele tinha? Asas!
De repente tinha esse outro menino voando do meu lado. E sabe o que ele tinha? Asas!
- Caraca! Você tem asas!
- Hey! Sim, tenho – ele sorriu.
- Como você conseguiu essas asas?
- Ah, longa história, mas quem sabe você não consegue umas também?
- Sério mesmo? Eu quero muito! Eu quero asas também.
- Tem certeza que você quer asas?
- Sim!
- Mas, então, eu tenho que te explicar uma coisa. Lembra quando a sua
mãe disse que você só podia sair pra brincar depois que tivesse terminado a
tarefa de casa?
- Lembro sim.
- Então, tudo na vida é assim, se você quer algo, você precisa dar algo,
fazer algo, abrir mão de outra coisa.
- Sei, mamãe já me falou isso também.
- Então, asas, são algo muito especial. Se você quiser suas asas, vai
ter que abrir mão de todas as coisas que você tem, tudinho, a escola, seus
amigos, tudo.
- Então você tá me dizendo que eu não vou mais precisar voltar pra lá?
- Isso mesmo!
- Wow! E ainda vou ganhar asas? Maravilha! Eu abro mão de tudo sim, não
quero voltar, pode me dar as minhas asas!
- Mas olha só, preste bem atenção, abrindo mão de tudo, você vai estar
abandonando não só as coisas ruins, mas as coisas boas também.
- Que coisas boas?
- Por exemplo, lembra do seu hamster?
- Bolinha de pelo? Claro que lembro!
- Então, vai ter que deixar bolinha de pelo pra trás...
- É? Poxa....
- E todos os seus brinquedos, e jogos que tanto gosta.
- É? Mas eu ainda nem terminei “Cruzando o tempo, uma nova aventura IV”
como eu vou saber o final?
- Não vai.
- E o novo filme de super-herói que vai sair esse ano! Esse eu vou poder
ver né?
- Também não.
- Poxa, assim tá difícil, essas asas tão saindo muito caras.
- Você pensou que era fácil ganhar asas? – sorriu – Mas, veja só, se
você decidir voltar eu tenho que te avisar uma outra coisa também.
- O que é?
- Vai piorar. Terão dias bons e dias ruins, acontecimentos melhores e
piores. Mas no geral, vai piorar bastante.
- Você tá parecendo meu tio, que dizia que ser adulto era bem pior que
ser criança.
- Exatamente, seu tio estava falando a verdade. Todos os desafios, os
problemas, as tristezas, estão apenas começando. Viver não é fácil, e sim, as
coisas vão piorar, e ser adulto é bem mais difícil que ser criança.
- Mas então, vale a pena voltar?
- Isso é você que tem que decidir, não eu.
- E a Brisa?
- Vai ter que abrir mão dela também.
- Entendi... sabe o que eu acho?
- O que?
- Eu acho que você está errado, eu não acredito em nada disso aí que
você falou.
- Não?
- Não.
- E você quer voltar então?
- Sim, já enjoei desse sonho.
- Tudo bem. Segure na minha mão.
Segurei
- Eu avisei, que não ia ser fácil, não avisei?
- Sim.
- Mas você não acreditou.
- Não. Pode falar pra todos os seus amigos, eu sou o menino que não
acreditou.
Ele sorriu.
- Tudo bem.
E soltou a minha mão
AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH!
De repente eu não sabia mais voar, e caí, caí do céu tão rápido como se eu pesasse uma tonelada.
De repente eu não sabia mais voar, e caí, caí do céu tão rápido como se eu pesasse uma tonelada.
Lembro do meu rosto olhando pro chão chegando cada vez mais perto e...
fechei os olhos.
Abri os olhos.
Eu devo ter mesmo caído do céu, porque a dor de cabeça que eu tinha
condizia com o acontecimento. Na verdade, não só a cabeça, mas tudo doía, os
braços, as pernas, o corpo inteiro. Mamãe e papai estavam lá também, eles
sorriram quando eu acordei, alguém foi chamar um médico.
No outo dia, quando tudo se acalmou, mamãe disse que tinha uma
coleguinha da escola que veio me ver, era Brisa.
Fiquei nervoso, não esperava. Ela estava tão feliz que eu estava bem.
Ela pegou o celular e me mostrou algo sorrindo.
- Hey, lembra daquele sonho que você me contou? Que sabia voar?
- Claro, lembro sim.
- Então, olha isso aqui, eu procurei no google como faz pra voar.
- E o que ele disse? Dá pra voar sem ser em sonho?
- Dá sim, o google falou que é só voar de asa delta.
- Sério?
- Sério!
- Vamos voar de asa delta?
- Vamos!
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