Nosso Castelo de Cartas

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domingo, 27 de dezembro de 2015

Curtas histórias de John, o romântico incurável (Parte 1)

Os olhos.

Dava pra se perder nos olhos dela.
Eu olhava fixamente para eles e adentrava em seu olhar como se fosse outro mundo.
E na verdade era outro mundo mesmo.
Uma dimensão perdida onde o tempo passava de uma forma completamente diferente.
Às vezes eu olhava por segundos e passavam horas, às vezes eu olhava por horas e passavam segundos.
Dava pra me encontrar nos olhos dela.
Quando eu via o reflexo do meu rosto lá dentro eu era tão pequeno. Eu podia caber inteiro no seu mundo.
Eu me achava lá e parecia que naquele momento eu tinha todas as respostas pra tudo.
Ela era a resposta pra tudo.
Os olhos dela eram como o mar. Como ondas que te atraem para dentro. Você vai se aproximando aos pouquinhos e quando percebe, tarde demais, já está perdido.
Perdido no meio da imensidão do mar, assim como eu me perdia nos olhos dela. Olhos de maresia.
Me perguntavam o que eu via naqueles olhos, mas a verdade mesmo, era que nenhuma outra coisa eu via, só existiam aqueles olhos nos meus pensamentos.
Adentrei nos olhos dela e me perdi. Como todo romântico incurável, estava apaixonado e agora já era tarde demais, e foi tudo culpa daqueles olhos.
O problema de ser romântico incurável é que a gente gosta. Todo poeta que se perde em palavras de amor adora se perder.
Então é só se deixar cair.
Caí de costas num abismo.
Tudo por causa dos olhos dela.
E ainda caí sorrindo.


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