Nosso Castelo de Cartas

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sábado, 31 de dezembro de 2016

Romances de verão (1)

John era viciado em romances de verão. Só conseguia amar por uma noite; talvez duas, no máximo, mas não mais que isso. Tinha uma queda por intensidade. Se fosse para enrolar duas ou três noites, perdia a paciência. John queria tudo para agora, se entregar de corpo e alma. Mas só por uma noite. Ou duas.
Ele dizia que foi uma reação natural do seu coração: toda vez que se decepcionava com o amor, amava por menos tempo. Ele dizia: “Eu não consigo amar menos, porque eu sou intenso demais. Mas eu não consigo mais continuar amando por tanto tempo”.
Teve uma namorada de cinco anos, uma de dois anos, uma de seis meses, uma de um mês. E agora já nem tentava mais. Namorar não era pra John. Mas seu lema era: "Que seja eterno enquanto dure. Que seja apenas uma noite, mas eu ainda amarei".                    
Até que houve aquele dia.

- Hey!
- Quanto tempo, John!

Encontrou uns amigos nos bares da cidade. Há um ano não se viam. Grande saudade. John achou ótimo revê-los. Conversa vai, conversa vem... Muitos sorrisos e alguns drinques.
Noite divertida.
Todos se despediram. Restavam apenas John e ela. Foram andando até a casa dele. Ela já ia chamar um táxi de lá. Mas, por que não uma última ice da geladeira, não é mesmo? Subiram. Conversaram pouco. O resto você já sabe. A verdade é que foi total surpresa para os dois.
Ninguém esperava.                       
Coisas loucas da vida que fazemos madrugada adentro.                       
John ficou com ela até de manhã. O relógio tocou e ele precisava ir embora.                        
Às vezes, a gente quer parar o tempo só um pouquinho, mas a vida não é assim.                       
John foi para o aeroporto e voltou para casa. Fim do mais belo romance de verão.                       
A verdade é que ele foi salvo pelo gongo, porque dessa vez ele queria encontrá-la mais de uma noite, ou duas.                       
Mas a vida é assim, nem sempre como a gente quer.
John a amou por uma noite. Apostou que ela nem notou.
Mas amou.
Até a noite acabar e ele pegar o avião rumo ao próximo romance de verão.
Até tudo passar.
Ou não.

Às vezes, simplesmente não passa.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Reescrevendo (Out/2013) - A vida é tipo andar de bicicleta

A vida é tipo andar de bicicleta.
Quando você sai da faculdade ou do trabalho, é noite e você está de bicicleta, bate o cansaço.
Você passou o dia inteiro trabalhando, estudando, ocupado e agora ainda tem que encarar a viagem de volta pra casa. Você está bem cansado e realmente não está a fim de fazer exercício e se cansar mais.
Entretanto o mais interessante de estar de bicicleta é não ter opção. Você não tem outra opção a não ser subir na bicicleta e ir embora. Vai ficar lá esperando o quê? Você não vai ser teletransportado pra casa.
Às vezes a vida te cansa, porém, é como andar de bicicleta. Você não tem opção o negócio é seguir em frente e ir embora.
Não precisa ficar pensando muito, analisando muito, quanto mais você planeja, mais é difícil. Se estiver muito frio ou muito quente, se vai demorar pra chegar, se é longe...
Sobe na vida e vai embora que rapidinho você esquece tudo.
Quando se começa a pedalar, você rapidinho esquece e percebe que na verdade nem é tão ruim assim. Aliás, é até divertido.
É só dar o primeiro passo e pronto, você já está em alguma direção.
Às vezes você fica meio confuso sem saber pra onde ir, aonde quer chegar, fica planejando demais.
Esquece isso.
Mas assim eu não sei onde vou chegar...
Não sabe?
Pouco importa.
O importante não é o destino.
É o caminho.