Nosso Castelo de Cartas

Nosso Castelo de Cartas

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

No meio do caminho

Atravesso as estradas pensando em você
Sigo por caminhos estranhos
Mas minha mente
Me leva aonde você está
Quando a gente vai em uma direção
Mas na verdade quer ir em outra
Quando a gente tenta fugir
Mas acaba voltando

E aí que parece que todos os caminhos levam até você
Todos os rostos que vejo por aí na rua são você
Todas as pessoas que queria encontrar
Na verdade
Era apenas você
Fico me perguntando por onde eu fui
Que não te encontrei

Aí eu me perco de onde eu queria ir
Se eu tinha um estrada
Se eu tinha um plano
Se eu ia pra lá
Se eu ia pra cá

Encontrei você
No meio do caminho
E pronto
Já era

Agora eu só consigo ir pra onde você for

Vou me embriagar em você de maresia
Você é minha ilha
Como o canto da sereia
Que me traz pro mar

Encontrei você
No meio do caminho
E resolvi voltar

Agora eu só consigo ir pra onde você for


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Reescrevendo (Mai/2011) - O último dia de maio

Era de manhã. Ele saiu atrás de flores.
Caminhando pela rua parava pra cheirar cada uma delas.
Buscava o cheiro dela em tudo, mas não conseguia encontrar.
Depois de acordado, o cheiro dela tinha saído da roupa dele e agora só restava a lembrança.
Ele queria escrever algo pra ela, tipo... tipo...
Ele não sabia o que escrever.
Era como se qualquer palavra que saísse de sua boca, que fosse escrita pelas suas mãos fossem tentativas falhas, porque nada que ele pudesse dizer conseguiria descrever a beleza dela.
Não importa o que fosse dito, a sensação de tê-la em seus braços não era algo que ele conseguisse descrever. Talvez daqui a alguns anos quando fosse um escritor de verdade seria possível.
Mas hoje não. Hoje não havia o que dizer.
E já que o cheiro dela tinha partido de suas roupas, ele ia ter de se contentar com a imagem dela em suas memórias.
Mentira. Havia o que dizer sim.
Entretanto, certas vezes, nem o mais talentoso dos poetas consegue traduzir o que se passa no coração.
Aí não me resta nada a não ser tentar, no último dia de maio, por em papel meus sentimentos por você.
Mas não dá. 
Eles não cabem nessa folha. 
Transbordam na tinta papel abaixo. 
Me atravessam inteiro como teu cheiro.
Descomede-se meus sentimentos por você.
Sentir é incomensurável.